Razão de Ser
11 de Setembro de 2002
A Associação de Amizade Portugal-EUA tem como
objectivo promover o intercâmbio cultural, social e económico
entre dois povos ligados por vínculos históricos de indiscutível
importância, sendo, aliás, as comunidades portuguesa e americana
radicadas nos EUA e em Portugal, respectivamente, uma prova insofismável
de uma interdependência a vários níveis, que só poderá ser
tida como elemento positivo de uma vivência enriquecedora de dois
povos que, mau grado evidenciarem traços próprios, necessariamente,
particularizantes, têm em comum o mesmo amor à liberdade e,
por isso mesmo, ao respeito pelo papel de cada um na construção
de sociedades
à procura permanente de patamares superiores de existência
humana.
Procurará, por conseguinte, a Associação de Amizade dinamizar
as mais diversas iniciativas no âmbito cultural, social e económico,
pautando a sua intervenção pelo mais estreito respeito pelos princípios
de Democracia e da Liberdade, tal como são entendidos na Comunidade Ocidental,
sem concessões de qualquer espécie.
Os europeus, em geral, e os portugueses em particular têm um dever de gratidão
para com os EUA, não apenas porque a América do Norte recebeu milhões
de emigrantes em busca de uma alternativa de vida, como também porque
foi graças à sua intervenção em conflitos mundiais
que a generalidade dos países da Europa Ocidental conseguiu preservar
a sua independência, bem como uma ordem constitucional democrática.
Como foi graças ao empenho dos EUA que o Plano Marshall - com todas as
suas limitações - se tornou possível e que a tentação
hegemónica estalinista não teve consequências mais desastrosas
a nível internacional.
E constitui, para nós, uma verdade insofismável que,
sendo os EUA uma grande potência (que comporta, necessariamente,
contradições
internas, desajustamentos sistémicos e, por conseguinte, situações
de injustiça e de assimetrização), não é menos
verdade que, no essencial, existe naquele País transparência governativa,
uma genuína democracia, capaz de fazer com que um Presidente caia pelo
trabalho de investigação desenvolvido por dois jornalistas, garantindo
não existir uma lógica hegemónica imperialista, a qual só tem
sido, historicamente falando, possível em regimes totalitários.
Se queremos construir uma Europa nova, aberta
e democrática, precisamos, também, dos EUA.
E é tendo por base esse reconhecimento que nos propomos trabalhar
no futuro.
Uma última palavra para o facto de termos escolhido o dia de hoje, 11
de Setembro, para a fundação da nossa Associação.
Faz hoje um ano que foi perpetrado um atentado terrorista contra
as "Twin
Towers" do World Trade Center, em Nova Iorque.
Pretendemos, ainda e em segunda linha, manifestar o nosso apoio ao combate ao terrorismo internacional.
Muitos dirão - e com razão - que o combate ao terrorismo passa, também, pelo desenvolvimento económico-social, pela luta contra as injustiças e os excessos provocados pela assimetrização na repartição do rendimento e da riqueza.
O combate ao subdesenvolvimento é, de facto, a melhor forma de, a longo prazo, se combater o terrorismo e, de um modo geral, a instabilidade política e social.
Mas, importa reconhecer que o combate ao terrorismo não se faz só com a promoção da ajuda ao desenvolvimento, com declarações de princípio, com manifestações de boa vontade, enfim, com retórica mais ou menos discursiva.
O combate ao terrorismo faz-se, sempre que necessário, actuando pela via policial e/ou militar contra quem é terrorista, contra quem actua cobardemente sobre populações civis indefesas, não fazendo sentido a tese de que, neste como noutros domínios, não pode haver lugar a acções preventivas.
E, nesta como noutras questões, não é possível ser-se neutral, assumir posições equidistantes, quando o que está em causa é o direito à vida, em paz e em liberdade.
Somos, enfim, um grupo de cidadãos que pretende aumentar as relações culturais, económicas e sociais entre os povos português e americano.
Solidários com os desafios que ambas as comunidades se propõem superar e seguros quanto às suas convicções sobre os caminhos a seguir.
São estes os nossos objectivos de intervenção futura.
Será esse o nosso percurso a percorrer com uma grande confiança e com uma forte convicção de que esta é, também, uma das melhores formas de servirmos os nossos interesses enquanto portugueses e enquanto europeus.