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15 de Setembro de 2008

O principio da segunda volta

Republican Party SymbolTerminada a convenção do Partido Republicano, John McCain imediatamente ultrapassou Barack Obama nas sondagens de intenção de voto. Trata-se, é certo, de uma vantagem conjuntural, largamente resultante da enorme popularidade de Sarah Palin e da dinâmica política que a sua escolha provocou.

Mas, numa altura em que as preocupações do eleitorado se concentram na insegurança económica, em que alastra o desejo da “mudança” e em que a oposição à guerra do Iraque se situa acima dos 60%, não deixa de ser significativo que o candidato democrata não consegue obter e preservar uma vantagem significativa. Reunidas as condições para conquistar a Casa Branca e uma maioria no Congresso, o Partido Democrata parece estar a perder a sua capacidade para estruturar uma narrativa eleitoral ganhadora.

A escolha de Palin permitiu gerar dois efeitos eleitorais cruciais. Primeiro, consolidou a “base republicana” que não se revia na candidatura heterodoxa de McCain. Representante da ala mais conservadora do partido, a governadora do Alasca mobiliza os activistas e alivia inquietações quanto à abstenção da “base”. Segundo, e mais importante, permite que McCain volte a definir-se como um reformador, alguém que conquistou a nomeação do partido contra o “establishment” e que, na Casa Branca, seguirá uma política nova. É justamente esta definição de McCain como um candidato reformista que impossibilita a Obama continuar a caracterizá-lo como uma extensão de George Bush.

O discurso em volta da mudança trouxe a Barack Obama duas grandes vantagens. Primeira, estabeleceu uma clivagem entre a sua candidatura e a de Hillary Clinton. Segunda, mobilizou o descontentamento em relação a Bush e aos republicanos. Mas a “frescura” da sua candidatura também permitiu que os seus adversários o acusassem de ser demasiado inexperiente para assumir a presidência. O célebre anúncio televisivo de Clinton – o telefonema às três da manhã – ilustrava essa dúvida. Incapaz de desfazer a ideia de que não se encontrava preparado para assumir as responsabilidades presidenciais, Obama vê o seu discurso da mudança ser assumido por McCain.

Muito pode acontecer durante dois meses de campanha, uma eternidade na política americana. Todavia, neste momento, não deixa de espantar a forma como McCain conseguiu redefinir a sua candidatura e, em consequência, transformar o partido republicano num agente do reformismo. Muito disto se deve a Sarah Palin. Mas muito também se deve à percepção que a experiência de McCain, aliada ao seu reformismo, pode garantir uma mudança segura, pautada pela responsabilidade.

Vasco Rato

Almoço Conferência – 11 de Setembro de 2008

Por ocasião do seu 6º aniversário, a AAPEUA organizou no Clube dos Empresários em Lisboa, um almoço conferência sobre o tema: O MUNDO DEPOIS DAS PRÓXIMAS ELEIÇÕES AMERICANAS.

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