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09 de Abril de 2008

As primárias nos EUA

US VoteMesmo que ganhe a Pensilvânia e os restantes Estados com uma margem na ordem dos 65% dos votos, Hillary Clinton chegará à convenção de Denver com menos delegados eleitos do que Barak Obama. Se assim é, por que motivo não desiste? A razão é simples: espera que os superdelegados, um grupo de cerca de mil delegados por inerência composto por activistas e eleitos do partido, lhe proporcionem a vitória. Dado que Obama também não terá o número de delegados eleitos suficientes para obter a nomeação, serão os superdelegados a decidirem quem será o candidato que irá defrontar John McCain.

DEMOCRATAS
(total 4049, vitória =/> 2026)
 
   
Obama 2158
Clinton 1926
x Edwards 6

US-Caucus

 

REPUBLICANOS
(total 2380, vitória =/> 1191)
 
   
McCain 1517
Huckabee 255
Paul 35
Romney 275
x Giuliani 0
Resultados em 04-06-2008 às 17h30   [ x Desistiram ]

Após as primárias do Montana e do Dakota do Sul, de 3 de Junho, Barack Obama atingiu o número de delegados necessários para obter a nomeação do seu partido, pelo que é o presumível candidato, aguardando nomeação da Convenção do Partido Democrata.

John MacCain atingiu já o número de delegados necessários para garantir a sua nomeação enquanto candidato do seu partido, e é o presumível candidato, aguardando nomeação da Convenção do Partido Republicano

 

A estratégia de Clinton é linear: obter uma percentagem do voto popular superior à de Obama. Se o conseguir, dirá aos superdelegados que Obama conquistou uma pluralidade dos delegados eleitos, mas que a maioria dos eleitores não o apoiam e, por conseguinte, só Clinton poderá travar McCain nas eleições de Novembro. Trata-se de um argumento débil, mas não lhe resta outro.  

Neste momento, a maioria dos superdelegados pende para Obama. Claro que podem mudar de opinião se a candidatura de Obama sofrer uma hecatombe. Por exemplo, se a candidatura implodir em resultado de um escândalo, ou se os superdelegados concluírem que o senador do Illinois é, simplesmente, inelegível. Com efeito, Hillary Clinton tem feito tudo para desacreditar Obama, para generalizar a ideia de que o seu opositor é inelegível. Critica as suas políticas, o seu passado, e insinua que os americanos rejeitarão um candidato negro. Chegou, inclusivamente, a advertir que Obama é menos qualificado do que McCain (e, naturalmente, do que Hillary) em questões de segurança nacional.

A estratégia de terra queimada seguida por Clinton abre caminho à derrota de Obama nas eleições gerais. Paulatinamente, instala-se a convicção de que Obama é um candidato que carece de experiência e maturidade. Que “fala bem”, mas nada fez. As sondagens denunciam que a candidatura de Obama revela sinais de desgaste, e mostram que 20% dos apoiantes de Clinton preferem McCain a Obama. Se insistir em levar a sua candidatura até à convenção de Denver, Hillary acabará por dividir o partido e, eventualmente, por entregar a Casa Branca aos republicanos. Nada disto seria inédito: foram as guerras intestinas de 1968 e 1972 que permitiram as vitórias esmagadoras de Richard Nixon.

por: Prof. Dr. Vasco Rato