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21 de Fevereiro de 2008

As primárias nos EUA

US Vote A seis meses da convenção do Partido Democrata, a campanha de Hillary Clinton implodiu. Agora, tudo se reduz aos resultados do voto no Texas e no Ohio. Se perder num destes dois Estados, a campanha invariavelmente chegará ao seu fim. Clinton não necessita de vencer; necessita de uma vitória expressiva. Porque os delegados à convenção são atribuídos de acordo com critérios de representação proporcional, um resultado que não seja esmagador significa que Barak Obama conquistará uma fatia significativa dos delegados, e, por conseguinte, a nomeação.

DEMOCRATAS
(total 4049, vitória =/> 2025)
 
   
Obama 1611
Clinton 1480
x Edwards 26

US-Caucus

 

REPUBLICANOS
(total 2380, vitória =/> 1191)
 
   
McCain 1325
Huckabee 255
Paul 21
Romney 267
x Giuliani 0
Resultados em 14-03-2008 às 19h30   [ x Desistiram ]
John MacCain atingiu já o número de delegados necessários para garantir a sua nomeação enquanto candidato do seu partido, e é o presumível candidato, aguardando nomeação da Convenção do Partido Republicano

 

Como se chegou a este estado de coisas? A campanha de Hillary Clinton ficou, desde o início, marcada por hubris. A senadora definiu-se como a “candidata inevitável”. A nomeação era-lhe, simplesmente, devida. Por isso, não entendeu a ameaça de Barak Obama. Não entendeu que o desejo de mudança por ele encarnado era, também, um desejo de ultrapassar o clintonismo. Não entendeu o espírito dos tempos.

Se é verdade que Obama se transformou no rosto da esperança, é igualmente verdade que as suas propostas políticas são vagas e as suas prioridades imprecisas. A vulnerabilidade da sua candidatura reside, pois, nesta indefinição programática. Mais interessante, o seu discurso centra-se em questões de política interna. Porém, a tarefa principal de um presidente é a condução da política externa.

Sobre o papel dos EUA no mundo, Obama pouco diz. Afirma a necessidade de efectuar uma retirada célere do Iraque, mas não adianta como pretende concretizar esse objectivo. No entanto, há uma questão de política externa que Obama reitera com clareza: a determinação de prosseguir a guerra contra o terrorismo. Declara estar disposto a usar tropas americanas para capturar Osama bin Laden se souber que o líder da al Qaeda se encontra escondido em solo paquistanês. Muito simplesmente, violará a soberania do Paquistão, ignorando as repercussões e a instabilidade resultantes de tal imprudência. Nem parece estar ciente das consequências que tal acto provocaria no Afeganistão, onde a coesão da NATO corre graves riscos em resultado do fracasso das operações militares. Ironicamente, com as suas declarações, Obama sinaliza que o unilateralismo americano não chegará ao seu fim com a saída de George Bush da Casa Branca. Eis um dado que os “apoiantes europeus” de Obama deveriam ponderar antes de afirmarem que a sua eventual eleição irá “mudar tudo na política internacional”.

por: Prof. Dr. Vasco Rato