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Novembro 2017

 

Embaixador Glass: reforçar laços e cooperação com Portugal

No dia 31 de Outubro, o Embaixador dos Estados Unidos em Portugal, George Glass, foi o orador convidado num almoço-conferência organizado pela Câmara de Comércio Americana em Portugal em parceria com o American Club of Lisbon e a Associação de Amizade Portugal-Estados Unidos (AAPEUA).

NNo seu discurso o Embaixador elencou as suas prioridades, nomeadamente: o aprofundamento da amizade histórica entre os Estados Unidos e Portugal, o aumento do comércio e investimento e a garantia da segurança comum.

Durante o evento George Glass ainda reafirmou o seu apoio às vítimas e famílias afectadas pelos incêndios. O Embaixador esteve recentemente em Viseu, um dos distritos mais afectados, e foram entregues às autoridades portuguesas 50.000 dólares através do Office of U.S. Foreign Disaster Assistance (OFDA) para apoiar os trabalhos de recuperação e de assistência às vítimas.

 

Antes de entrar no discurso propriamente dito, gostaria de reiterar as minhas sentidas condolências a todas as vítimas e comunidades de Portugal afectadas pelos incêndios. A minha cidade natal, Oregon, infelizmente também passou pela dor e devastação causadas pelos incêndios. Embora saiba que não é possível substituir tudo o que perdemos, estou empenhado em fazer tudo ao meu alcance para apoiar Portugal na resposta e recuperação.

Na semana passada, fizemos saber que o governo dos Estados Unidos vai dar 50.000 dólares a organizações de Portugal que estão a apoiar as vítimas dos incêndios. Embora se trate de uma quantia modesta, este é apenas o primeiro de uma série de passos que vamos dar. Estive ontem em Viseu e vi em primeira mão não apenas a devastação mas também as pessoas que estão a trabalhar na recuperação. A dedicação desta gente é inspiradora e eu falei pessoalmente com entidades nos Estados Unidos para ver que assistência técnica podemos dar nos próximos meses. Fazemos isto porque é o que está certo. Fazemos isto porque quando um amigo, como Portugal, precisa de ajuda os Estados Unidos estão lá.

Agora quero agradecer à Câmara de Comércio Americana, ao American Club of Lisbon e à Associação de Amizade Portugal-EUA por me convidarem para discursar. Não pensem que me esqueci que hoje é Halloween. Estou mesmo ansioso pela festa que, presumo, vai acontecer a seguir a este almoço. Estou para ver o que vocês prepararam para o concurso de trajes.

Tive o privilégio de conhecer muitos de vocês durante os meus primeiros dois meses e espero vir a conhecer-vos todos em breve. Como a Anne, o Carlos e o António vos podem dizer, estou muito interessado em ficar a saber não apenas aquilo que vocês fazem mas o que posso eu fazer para reforçar as vossas organizações.

Na minha cerimónia de juramento, em Washington, o Vice-presidente Pence lembrou-me que estou a seguir as pegadas de gigantes. E desafiou-me a honrar o legado dos meus antecessores. O legado de Frank Carlucci, de Henry Dearborn e mesmo do Presidente John Quincy Adams. Portanto, nada de pressão! O Vice-presidente também referiu a força e profundidade das nossas relações com Portugal e incumbiu-me a responsabilidade de manter estes laços históricos.

Permitam-me que diga que é muito para uma só pessoa. Mas, felizmente para mim, esta missão não é de um só indivíduo. A nossa Embaixada aqui em Lisboa tem a força de mais de 200. E é uma grande honra dirigir uma equipa de funcionários americanos e portugueses, muitos dos quais a trabalhar há décadas no reforço e aprofundamento das nossas relações bilaterais. Também sei que a força da parceria EUA-Portugal surgiu, não por obra dos nossos governos, mas dos nossos cidadãos. Os americanos e portugueses que investem o seu tempo, dinheiro, energia e alma para estabelecer e expandir os elos que ligam os nossos povos e as nossas culturas.

E é por isso que é para mim uma enorme honra estar hoje aqui para me apresentar e dar a conhecer as prioridades políticas da América para Portugal. São, em resumo: Amizade, Prosperidade e Segurança.

Para começar e em modo de introdução, duas palavras sobre como cheguei aqui hoje. Se fizeram uma busca na internet para encontrar o meu nome quando foi anunciada a minha nomeação, devem ter chagado à conclusão que sou uma pessoa bastante reservada. Se procuraram George Glass no Google, se calhar encontraram vídeos do YouTube com um episódio de “The Brady Bunch” em que Jan tem um namorado imaginário chamado George Glass. Ou então viram uma fotografia minha na caça aos patos. Na verdade nem sou o namorado secreto da Brady nem tenho já grandes hipóteses de ir à caça.

Assim, embora seja contra o meu feito, deixem-me falar um bocado de quem sou e mais ainda porque é que estou em Portugal. Em termos muito simples, estou aqui porque amo o meu país e amo Portugal. Vim cá a primeira vez em 2014 numa peregrinação a Fátima com a minha mulher Mary e ficamos os dois tão emocionados e tocados pelo tempo que aqui passámos que, depois de irmos embora, prometemos um ao outro que, de uma forma ou outra, iríamos voltar. Mas quando depois das eleições surgiu uma oportunidade, só havia um lugar e uma função na nossa cabeça. Uma única oportunidade nos afastaria de nossa casa, da nossa comunidade e do nosso primeiro neto. Era Lisboa ou nada feito.

Devo confessor que sairmos de Oregon, mesmo para um sítio tão bonito como este, não foi fácil. Somos os dois naturais de Oregon, fãs do University of Oregon Ducks e, sim, visto Nike. Representamos com orgulho o “Estado do Castor” e esperamos vir a estabelecer laços especiais entre Portugal e o nosso estado.

Sejamos claros – a amizade entre os Estados Unidos e Portugal é especial. Promover essa relação é o cerne do meu trabalho aqui. É também a minha prioridade máxima. Antes de vir, muitas pessoas em Washington me falaram de negócios e questões de segurança e certamente que nos iremos também focar nesses assuntos importantes. Mas no mês passado, o Presidente Rebelo de Sousa, num pódio como este, alguns de vocês provavelmente estavam lá, fez um discurso improvisado sobre como a amizade entre os nossos países é o elemento fundamental – aliás a amizade é o suporte da nossa relação, gera confiança, compreensão e honestidade que, por sua vez, nos permite alcançar a prosperidade e segurança. Ele estava absolutamente certo.

De facto, até gostava que ele estivesse aqui agora para eu lhe mostrar o título do meu discurso e apontar a “amizade” como a primeira na minha lista de prioridades. Por isso se o virem digam-lhe que foi o que eu fiz. Ao contrário do que pensa a minha mulher Mary, eu ouço.

Assim, ao dar a visão do meu mandato aqui, começo por reafirmar o meu compromisso em proteger a amizade histórica entre os nossos países e fazer com que a amizade de que disfrutamos continue para a geração seguinte.

Todos conhecemos e prezamos as raízes da nossa amizade, a começar no momento em que os signatários da nossa Declaração da Independência mostraram o seu gosto requintado ao brindar à ocasião com vinho da Madeira, passando pelo facto de Portugal ser um dos primeiros países a reconhecer a independência americana e incluindo o mais antigo consulado do mundo em funcionamento contínuo nos Açores. E, se me permitem o destaque, ainda temos as instalações militares das Lajes em operação contínua também.

Mas Portugal e os Estados Unidos estão também ligados por formas de que nem sempre nos apercebemos. Durante anos, todos os imigrantes que chegam a Nova Iorque lêem as linhas de Emma Lazarus cujas comoventes palavras de esperança adornam a Estátua da Liberdade. E não há feira ou desfile americano que esteja completo sem a “Stars and Stripes for Ever” de John Philip Sousa. E sempre que um árbitro americano faz uma marcação errada, a América fica a saber porquê graças a Mike Pereira, um nome familiar pelo seu trabalho na transmissão dos jogos da NFL na Fox.

E, se bem que os elementos históricos confiram uma base sólida à nossa amizade, temos de trabalhar continuamente para renovar e revitalizar os elos entre os cidadãos dos nossos países. As ligações que fizermos hoje na ciência, educação, cultura e desportos levarão ao desenvolvimento económico, inovação e compreensão amanhã.

Os Estados Unidos há muito que investem no poder dos programas de intercâmbio e na educação porque sabemos que quando abrimos estradas de diálogo, ambas as partes beneficiam. E está a resultar claramente. Basta que olhem para a lista de antigos bolseiros da Fulbright e de outras instituições, desde o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, ao Secretário-geral da ONU António Guterres, ao falecido João Lobo Antunes, cuja memória sempre honraremos, para ver casos de líderes bem sucedidos que contribuíram enormemente para o nosso relacionamento e para o mundo.

Mas agora precisamos de encontrar uma nova geração de líderes para ligar os novos segmentos dos nossos povos. E fico contente por ter aqui uns parceiros fortes que estão a trabalhar no sentido de os encontrar e ligar através do Atlântico. A Comissão Fulbright de Portugal está a chegar ao seu 60º aniversário e continua a recrutar alguns dos melhores estudantes e académicos americanos e portugueses, incluindo um da Universidade de Oregon este ano. Estou radiante que o governo português através da FCT esteja a apoiar mais 25 unidades para investigadores portugueses através da Fulbright e outros parceiros, como o Instituto Camões e o IPMA, tenham desenvolvido projectos relacionados com a língua e os oceanos.

A FLAD tem sido outro parceiro sólido empenhado em reforçar os laços que nos unem e em criar novos laços. Os seus programas de carácter educacional, cultural e económico dos dois lados do Atlântico proporcionaram muitas formas novas e criativas de os cidadãos americanos e portugueses interagiram e aprenderem uns com os outros. A FLAD assumiu a liderança do emblemático programa Connect to Success de apoio a mulheres empreendedoras, promoveu eventos e workshops de apoio à nossa relação no gás natural e elaborou um guia para as empresas portuguesas que pretendam fazer negócio nos Estados Unidos. A sua plataforma Study    in Portugal encoraja estudantes americanos a escolher Portugal para os seus estudos. É muito bom saber que no geral o número de estudantes americanos cá duplicou em dois anos, mas quero ver uma significativa subida quando sair o próximo relatório. Em Espanha são mais de 28.000 os americanos que estudam no estrangeiro mas em Portugal são pouco mais do que 400. E porquê?

E, claro, uma das maiores mais-valias que temos são o milhão e meio de luso-americanos. O seu sucesso em praticamente todos os sectores da sociedade americana, desde os negócios passando pela política e pelo desporto, aumentam a reputação de Portugal que, devo acrescentar, está muito elevada nos dias de hoje. Embora me tenha encontrado com muitos luso-americanos, com toda a franqueza o meu favorito continua a ser Nate Costa cujo pai é proveniente da Terceira. Nate foi jogador dos Oregon Ducks em 2010 e levou-os à final do campeonato. Tendo em conta a pontuação dos Ducks este ano, talvez fosse boa ideia eu convidar a equipa para vir aos Açores e começar a procurar esse talento açoriano.

Se olharmos agora para o ano que vem, o Presidente Rebelo de Sousa e o Primeiro-Ministro Costa vão fazer uma visita alargada para celebrar o dia de Portugal com a comunidade luso-americana. Espero trabalhar com o meu amigo Embaixador Fezas Vital, Embaixador de Portugal nos Estados Unidos, para garantir que a visita seja um grande êxito e demonstre todas as oportunidades que a nossa forte relação oferece.

Estou seguro que estes dois líderes irão sublinhar a nossa amizade histórica porque sabem, como eu, que a amizade é a base da prosperidade e segurança. Irão, com base na amizade e compreensão, promover a imagem de Portugal como um país não só para turistas e estrelas pop, mas uma nação renascida e pronta para parcerias económicas e investimento.

Quando visitei Portugal em 2014 a situação aqui era diferente. Uma das razões que me deixou cativado por este país e pelo seu povo é que, mesmo durante as agruras da recessão, as pessoas eram extremamente simpáticas, generosas, dedicadas e resilientes. Foram estes valores que ajudaram Portugal a dobrar a esquina da crise económica. E vão ser necessários quando o país entrar na fase seguinte, a da pós-recuperação. Tendo registado o valor mais baixo do deficit orçamental desde a restauração da democracia e com a S&P a promover as obrigações soberanas para o grau de investimento, Portugal vive agora um estimulante período de crescimento.

Sendo alguém que vem do mundo do investimento, acreditem quando digo que este é um tempo incrivelmente importante. Sei por experiência que empresas em expansão é a parte mais difícil de gerir. É por isso que a segunda prioridade que gostaria de expor é o meu compromisso de promover a prosperidade económica e o comércio entre os Estados Unidos e Portugal.

Como disse previamente, esta Administração entende que para os Americanos serem prósperos também os nossos parceiros e aliados, como Portugal, têm de ser prósperos. Vemos isto nas mais de 130 empresas americanas a operar em Portugal – incluindo algumas representadas nesta sala – que empregam à volta de 30.000 trabalhadores e geram vendas no valor aproximado de 5 mil milhões de euros. Isso traduz cerca de três por cento do PIB de Portugal – ou era até o PIB ter crescido três por cento este ano.

E o tipo de investimento feito cá também está a evoluir. A Hasbro foi um investidor na indústria dos plásticos e de moldes e houve uma altura nos Estados Unidos em que a maioria dos brinquedos da Hasbro teria sido feita em Portugal. Agora são as empresas inovadoras como a Amyris que estão a trabalhar para criar o polo de tecnologia no Porto. A Heinz também foi uma das pioneiras a investir na agricultura portuguesa. Portugal agora está a subir na cadeia de valores e a sua produção vai para os produtos orgânicos como a Amy’s Kitchen.

E outras empresas e investidores estão a chegar. O que estamos a ver é apenas o início com a aquisição do Novo Banco pela Lone Star. Sinto-me muito satisfeito que tenha sido o capital americano a avançar e dar uma solução ao que resultou do colapso do Banco Espírito Santo. O facto de o capital americano tomar conta do quarto maior banco de Portugal dá um inestimável voto de confiança que sei que irá abrir mais portas.

 Por exemplo, estava em Nova Iorque na semana passada quando a Spring Board anunciou que Lisboa seria a sua nova casa na Europa. Se ainda não conhecem a Spring Board, vão conhecê-la não tarda. É uma organização dedicada ao investimento em empresas geridas por mulheres e foi a rampa de lançamento para empresas como Zipcar, iRobot e outras mais.

E podem ficar descansados que vou fazer com que esta gente saiba quanto vale associarem-se a organizações como as vossas.

Também quero sublinhar que o investimento e comércio estão a correr nos dois sentidos. Os Estados Unidos são actualmente o maior parceiro comercial de Portugal fora da UE. A EDP contribuiu para transformar o sector das renováveis dos EUA com um investimento de milhares de milhões de dólares e mais de mil empregos. A Logoplaste é outro grande exemplo de empresa portuguesa que investiu milhões no Midwest e criou centenas de empregos nos Estados Unidos.

Tudo isto são boas notícias. Mas desafio todos vocês, e eu próprio, a fazer ainda mais.

Porque há tantas áreas em que os EUA e Portugal podem ser parceiros, a começar pelo sector da energia. Os EUA estão a viver uma revolução no gás natural e dentro de pouco tempo iremos passar de um dos maiores importadores globais de energia para o maior exportador. Maior do que o Médio Oriente, maior do que a Rússia.

Sabem que Portugal recebeu o primeiro carregamento de gás natural liquefeito (LNG) dos Estados Unidos para a Europa em Abril de 2016. O que não devem saber é que Portugal recebeu até hoje mais gás americano do que qualquer outro país da Europa.

Entre Portugal e Espanha, a Península Ibérica tem mais de um terço da capacidade de importação de LNG da Europa. O facto de as maiores empresas de gás se reunirem em Lisboa no final de Novembro na Cimeira Mundial de Gás Natural Liquefeito é prova do importante papel que Portugal pode vir a ter nesta área nos próximos anos. Quero trabalhar com Portugal na criação de uma parceria para o gás natural que aumente a segurança energética e a diversidade de opções para o resto da Europa e África.

Além do gás natural, o foco de Portugal no aproveitamento do que vem do oceano, ou “Economia Azul”, é também interessante. Portugal tem uma das maiores zonas económicas exclusivas do mundo e está prestes a tornar-se ainda maior. E para que esta expansão seja mais segura, assinámos este ano um Acordo de Busca e Salvamento para reforçar a cooperação e eficácia na assistência a pessoas em dificuldades no Atlântico.

Seja trabalhando em conjunto no desenvolvimento da energia eólica flutuante, pesca sustentável, portos inteligentes ou aquacultura de alta tecnologia, temos uma vasta margem de formas de trabalhar em conjunto como empresas ou como governos para, de forma responsável, gerir e beneficiar dos recursos do oceano.

E tudo aquilo que fazemos juntos se torna mais fácil com o aumento do número de voos directos que nos ligam. American Airlines, Delta, TAP, United e Azores Airlines estão todas com voos mais frequentes e com mais destinos na América do Norte do que alguma vez estiveram.

A TAP tem-se expandido nos EUA e no resto do mundo depois da entrada de capital americano e a Delta e a United têm lançado novas rotas com futuras ligações planeadas de Lisboa para Atlanta, Porto para Newark e Nova Iorque para Ponta Delgada.

Muitos desses aviões irão trazer turistas de férias e para mim é muito interessante ver todos esses grandes empresários, empreendedores e inovadores americanos vir ao WebSummit na próxima semana. É uma oportunidade fantástica para Portugal e os Estados Unidos estabelecerem ainda mais parcerias e redes.

Estas oportunidades económicas estendem-se muito para além do WebSummit e das startups, chegando a indústrias de base que podem ser reforçadas com a optimização dos gastos na defesa. Se é a capacidade de transporte aéreo que permite a Portugal instalar militares em pontos estratégicos ou navios para patrulhar a zona económica exclusiva marítima para prevenir actividades ilegais, estes bens podem ser construídos aqui mesmo em Portugal, utilizando inovação e mão-de-obra portuguesa. Isto vai contribuir para a segurança económica e política do país e, para ser franco, para a segurança mútua dos EUA e dos restantes aliados da NATO.

Isto leva-me directamente à questão da segurança, que é a parte final do meu foco estratégico. Não nos podemos esquecer que a nossa amizade histórica e a prosperidade que partilhamos assentam na segurança conjunta. E garantir e aumentar essa segurança, tanto para os cidadãos americanos como para os cidadãos portugueses, é outro laço que une os dois países.

Assinala-se este ano um importante aniversário de um evento menos conhecido que eu considero de particular relevância. Trata-se do 100º aniversário do afastamento por um navio norte-americano do submarino alemão que atacou Ponta Delgada na I Guerra Mundial. Mesmo que este evento não conste nos êxitos de Hollywood, mostra bem há quanto tempo os nossos países se protegem um ao outro.

Temos hoje um forte diálogo entre os governos dos EUA e de Portugal sob a Administração Trump. O Ministro dos Negócios Estrangeiros Santos Silva esteve em Julho em Washington para um encontro com o Secretário de Estado Rex Tillerson e o Ministro da Defesa Azeredo Lopes foi recebido pelo Secretário da Defesa Mattis em Setembro. Desde então, aliás só durante o mês que passou, tivemos três visitas separadas de oficiais militares de 4 estrelas a Portugal, todas elas para debater a melhor forma de trabalhar em conjunto para enfrentar os desafios globais comuns.

Estes desafios incluem a Coreia do Norte que está a afrontar o mundo com uma nova ameaça nuclear que pode atingir os nossos dois continentes. Portugal foi um dos primeiros países a juntar-se a nós no aumento da pressão sobre a Coreia do Norte cortando relações diplomáticas.

Em todo o mundo Portugal está ombro-a-ombro connosco e a comunidade internacional com quase mil militares em missões no estrangeiro, muitos em locais perigosos e difíceis. Estas tropas estão a treinar soldados iraquianos a combater o ISIS no Iraque; estão a contribuir para a remoção de minas e estabilização pós-conflito; a transmitir confiança aos nossos aliados da NATO nos Balcãs e no Báltico face a uma Rússia agressiva; a contribuir para a segurança marítima e de fronteira e a combater o tráfico de seres humanos no Mediterrâneo e a promover a estabilidade no Afeganistão, na República Centro-Africana, no Mali e na Somália.

Portugal também contribuiu para a segurança do nosso aliado da NATO, a Roménia, vendendo 12 F-16 para substituir os jatos MIG de fabrico russo da era soviética

Dedicar os necessários recursos para garantir a estabilidade e prosperidade dos nossos cidadãos e gerações futuras de cidadãos é um investimento no nosso futuro colectivo. No cumprimento de tal objectivo, muito me apraz que Portugal tenha reafirmado o compromisso feito na Cimeira da NATO de 2014 no País de Gales para chegar aos 2% do PIB nos gastos com a defesa até 2024, incluindo 20% dos orçamentos da defesa em equipamento.

Enquanto Portugal está a fazer muito, os desafios e os encargos são muitos e nós instamos e encorajamos os nossos parceiros para assumirem mais através do aumento de capacidades que a subida dos custos da defesa implica. Os Estados Unidos estão comprometidos com a NATO e a segurança dos nossos aliados e esperamos que países como Portugal, que estão em ascensão, reconheçam a importância de contribuir mais para a nossa segurança comum.

Portanto aqui estamos, meus amigos. Prioridades dos Estados Unidos em Portugal: Amizade, Prosperidade e Segurança. Espero que concordem que estas prioridades estão certas para ambos os países. Agora, vou precisar da vossa ajuda para o alcançar. Juntos temos de investir na nossa amizade, construída ao longo de séculos, para garantir que os alicerces das nossas relações continuam firmes no futuro. Juntos temos de promover parcerias económicas, investimentos e comércio entre Portugal e os Estados Unidos. Juntos temos de nos comprometer a investir e continuamente fortalecer a nossa Aliança.

Espero trabalhar com todos vocês para alcançar estes objectivos tanto quanto espero pelo concurso de trajes. Anne, estamos prontos para começar?

E, mais uma vez, obrigado pela oportunidade de falar com todos vocês.

 

De  | 31 Outubro, 2017 | Categorias: DiscursosEmbaixador/a